Carta ao Investidor #16

Marcello Vieira

Marcello Vieira

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Nesta 16ª Carta ao Investidor quero conversar com você sobre O poder das decisões nos investimentos e nos trades e como isso afeta o psicológico.

Quanto mais ativa a sua gestão, ou seja, quanto mais trader você é, você tem que lidar com uma quantidade maior de decisões.

O investidor de longo prazo, ele toma uma decisão e, normalmente, essa decisão dura muito tempo. Então, ele não precisa tomar decisões constantemente.

Mas, como comentei na última Carta ao Investidor, isso tem um preço.

O trader que investe de forma mais ativa, se fizer isso bem feito, ele tem uma rentabilidade infinitamente superior a quem investe só para o longo prazo.

Então, sem dúvida, eu acredito que uma gestão mais ativa vale a pena o esforço das tomadas de decisões mais frequentes.

Mas, claro que é um pouco mais desafiador do ponto de vista psicológico.

Durante o Bull Market de 2020/21, eu usei um robô – NM Índex – que é um indicador que eu desenvolvi e que aponta as criptos com maiores probabilidades de explodirem em um mercado de alta.

E o robô faz tudo sozinho. Eu tive o trabalho de desenvolver o robô, mas com o robô pronto ele decide e executa as ordens.

Eu só tive que decidir quanto de capital eu iria alocar em cripto e qual era o meu objetivo: se chegar a determinado valor, eu vou resgatar quanto?

E uma vez decidido – tirando um ou outro ajuste do plano – o robô atualiza a carteira todos os dias automaticamente.

Embora eu estivesse investindo de uma forma bem ativa, a decisão de quais criptos iriam entrar na carteira, era do robô.

Lá no início do Bull Market de cripto, eu ainda não tinha o robô, ainda estávamos desenvolvendo e enquanto isso eu estava operando manualmente.

E quando o robô ficou pronto, foi um alívio porque eu pude parar de ter que tomar decisões diariamente sobre quais criptos iriam pra minha carteira.

Atualmente, no Bear Market, e em todos os mercados de risco, em especial o de cripto, eu cheguei a dois tipos de estratégias.

Uma estratégia que é quase que fixa. Uma carteira de long (comprado) & short (vendido) ao mesmo tempo. O embasamento por trás é ficar em long (comprado) em criptos com bons fundamentos e short (vendido) em moedas com fundamentos muito ruins conhecidas como shitcoins e ganhar a diferença.

E assim poder ganhar nos dois cenários.

Então temos a estratégia de “carteira de cripto” com poucos ajustes e temos também algumas estratégias de trading onde é necessário fazer uma reavaliação diária.

Nós executamos com robô, mas ela não é totalmente automatizada como a estratégia que utilizamos no último Bull Market.

E isso faz com que eu tenha que tomar decisões diárias.

E já tinha um tempo que isso não acontecia.

Praticamente já tem 3 anos que eu não tomava esse tipo de decisão no dia a dia.

Eu já estudei bastante sobre psicologia do trading – inclusive tem um bônus incrível sobre o assunto para os alunos do A Nova Moeda – e, é super interessante revisitar isso.

Tive que voltar a implementar todo o conhecimento que eu tenho e muitas vezes não é fácil, porque em toda a decisão você vê no outro dia o resultado e, eventualmente, compara o resultado do que teria sido a outra alternativa.

Digamos que você decida entrar em uma operação e o resultado foi negativo. Depois, você consegue comparar, por exemplo, qual seria o resultado se você não tivesse entrado.

Ou ao contrário: Você saiu de uma operação positiva, porém se você não tivesse saído da operação, ela teria continuado indo a seu favor e você deixou de ganhar mais.

Isso é interessante porque tem que haver um bom preparo psicológico pra você tomar essas decisões e não “se perder nelas.”

E o que eu quero dizer com isso…

“Se perder” pode significar desde você estar no prejuízo em uma ou em uma série de operações e tentar buscar mais operações pra ver se você ganha logo e recupera o que perdeu mais rapidamente, gerando uma certa ansiedade.

Ou pode, por exemplo, em uma operação que você fechou “cedo demais” e ela continua indo a seu favor, na próxima operação – mesmo que sua metodologia diga o contrário – querer continuar pensando que a operação vai “andar” mais.

Passar por isso novamente está sendo uma experiência super interessante. 

Teve um trade de ontem pra hoje que eu não saí totalmente, mas que eu diminuí bem a exposição e ele foi muito positivo.

Eu calculei e vi que deixei de ganhar mais de 30-40 mil dólares pelo fato de ter reduzido a operação.

Eu brinco que é a dor de corno.

E vem tudo aquilo na cabeça: por que eu reduzi a operação?

Do ponto de vista da minha leitura e em relação a como eu vejo o mercado, eu acho que acertei em ter reduzido a exposição. Foi uma conduta apropriada tecnicamente.

Mas sempre fica aquele peso. Aquele voz dizendo: você não deveria ter feito isso, deveria ter feito aquilo, etc..

E tudo isso faz parte do jogo.

Mas eu acredito que o investidor que quer ter mais resultado, ele vai precisar tomar mais decisões do que o investidor de longo prazo ou vai ter que aprender a lidar com as decisões dele.

Por exemplo: Eu comentei que no último Bull Market nós investimos praticamente o período todo de forma 100% automatizada com robôs.

Porém, como cripto é muito volátil, tinha dia que subia 10-20% e tinha dia que caía 10-20%.

E volta aquela voz na cabeça: por que eu tomei essa decisão?

Eu fui de 32 mil para mais de 1 milhão de dólares no último Bull e teve momentos em que eu já estava com 600 mil dólares e aí, imagina, caía 20%, ou seja, 120 mil dólares em um dia.

Derretia mais de meio milhão de reais em um dia.

E voltava a voz na cabeça: Por que eu não coloquei no meu plano que quando chegasse em 500 mil dólares, eu iria sacar a metade?

Mesmo que não seja uma decisão ativa de trading, você sempre tem que lidar com o fator psicológico em decorrência da sua decisão.

Até o investidor de longo prazo, ele se engana um pouco com as máximas de: “O preço não importa” ou “Tô comprando pra daqui 20 anos.”

Tudo bem que se você comprou pra daqui 20 anos, o que importa vai ser o preço daqui 20 anos.

Teoricamente, se você vai ficar até lá, não importa o que aconteceu no meio do caminho. O que importa é quanto caiu ou subiu ao final do período de 20 anos.

Porém, na minha forma de ver, o que importa é o quanto você tem de dinheiro hoje.

O quanto vale hoje. Porque lá na frente não tem como ter certeza se vai valer mais ou menos.

Você não sabe se aquela empresa vai bombar e vai valer 10 vezes mais ou se ela vai falir.

Então, do meu ponto de vista, faz parte ver o preço e quanto você tem de patrimônio ou a cotação dos seus investimentos diariamente.

Porque todas as decisões têm que ser baseadas naquele valor.

E, eu acredito que “o segredo” para lidar com essas oscilações e com essas decisões é:

– Confiar no investimento que você está fazendo.

Por exemplo, durante o Bull Market eu estava muito confiante de que o mercado de cripto iria subir bastante e confiante na capacidade do robô NM Índex de selecionar as criptos com maior potencial de multiplicação.

E, agora no Bear Market, a confiança é no sentido de que o mercado ainda tem bastante pra cair e vários projetos que não são sólidos vão a zero.

shortear, entrar vendido nesses casos, é uma boa tese.

Você também tem que saber que você sempre pode estar certo ou errado.

Ninguém acerta 100% das vezes, mas você tem que estar confortável com a sua tese, com o que você acredita.

Você deve estar confortável com a sua estratégia. Seja com robôs, ou que você mesmo decida ou que siga alguém.

Entender que nenhuma estratégia traz resultados garantidos, mas você deve estar confiante de que o que você escolheu tem uma boa probabilidade de dar certo e trazer resultados.

E sempre alocar um capital que você possa perder.

Ninguém quer perder dinheiro, mas caso dê tudo errado tem que ser um capital que você possa perder.

Porque se você entendeu o cenário macroeconômico e sabe que provavelmente o mercado vai cair, a estratégia deve acompanhar para aproveitar a situação.

Ou em estratégias como a que a gente faz que dá pra ganhar na alta ou na baixa. Por isso que fazemos muito long & short no Bear Market.

Estamos preparados para ganhar tanto na alta quanto na baixa, embora oscile bastante durante o dia.

E entender o que está acontecendo na macroeconomia e os fundamentos dos ativos traz confiança e tranquilidade de tomar decisões por determinado caminho.

Se você tem confiança da alta probabilidade da sua estratégia funcionar, nos dias de adversidade – dias de perda, ou dias em que você ganhou menos do que poderia – fica mais simples de lidar com o seu psicológico.

No Bull Market passado, muita gente se arrependeu de não ter colocado mais dinheiro no começo ou por ter demorado demais pra entrar e começar a investir.

“Ah, vou esperar pra ver se isso funciona mesmo.”

E aí depois que já subiu 16x para ir até 32x são só mais 2x. Ou seja, a maior parte da multiplicação já passou.

Enfim, você sempre terá que arcar com as consequências positivas ou negativas da sua decisão.

E ter clareza sobre a estratégia e os riscos que você pode correr, o potencial que você vê naquele mercado e no cenário macroeconômico, acredito que é o caminho para lidar com os desafios e as dificuldades naturais das decisões do dia a dia.

Forte Abraço,

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MARCELLO VIEIRA

• Fundador do Investidor de Sucesso;
• Possui mais de 13.000 alunos;
• Mentor particular de grandes investidores;
• Investidor especialista em novas tecnologias e desenvolvimento de estratégias quantitativas;
• Transformou 32 mil em mais de 1 milhão de dólares em menos de 6 meses de forma pública e transparente;
• Participa de grupos e eventos com vários dos melhores gestores, investidores e traders ao redor do mundo.