Começo de ano tenso para os mercados

Marcello Vieira

Marcello Vieira

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Seja muito bem-vindo a mais um Cenário Macro onde eu faço todo um overview do cenário macroeconômico, geopolítico e como isso está impactando na prática os mercados financeiros, principalmente a bolsa de valores e o mercado de cripto.

Então, vamos lá! 

Fazendo um resumo do cenário macroeconômico, continuamos com inflação alta no mundo todo após toda injeção de dinheiro durante a pandemia e devido aos problemas geopolíticos relacionados principalmente à guerra na Ucrânia.

Com a guerra, foram retiradas boa parte das commodities da Rússia de circulação global fazendo muitas commodities subirem de preço, a energia subir de preço, um pouco mais em uns lugares do que em outros.

A Europa, por exemplo, dependia muito do gás natural da Rússia. Então a energia está subindo muito mais na Europa do que nos Estados Unidos ou no Brasil, não é igual para todo mundo, mas de um modo geral, vivemos esse período inflacionário no mundo todo.

Inclusive, com um fator inédito: a inflação dos EUA e na Europa está mais alta do que no Brasil. Isso é muito raro de acontecer. Não acredito que isso vai continuar acontecendo por um tempo, mas é o que está acontecendo nesse momento.

E devido a essa inflação, os bancos centrais tiveram que aumentar o juros para desestimular a economia e controlar a inflação. Porque é muito ruim para a economia ter uma inflação alta persistente que corrói todo poder de compra da população.

Enfim, é melhor causar uma recessão e manter a inflação sob controle do que descontrolar a inflação.

E com isso, obviamente, jogou bolsa, cripto e todo o mercado de risco para baixo.

Para quem acompanhou o Cenário Macro no ano passado, eu estava bem pessimista e foi realmente o que acabou acontecendo.

O meu cenário mais provável acabou acontecendo de fato e a minha perspectiva é que isso vai continuar. Os bancos centrais nos Estados Unidos, na Europa, no Japão, continuam aumentando os juros, fazendo o aperto monetário enxugando liquidez para controlar a inflação e isso deve provocar uma recessão.

Com recessão várias empresas já começam a despedir e daqui a pouco deve subir o desemprego.

Porém, a inflação que já começou a cair lá fora, deve continuar caindo, mas há um  custo alto, digamos assim, que faz parte, tem que pagar.

Enfim, imprimir dinheiro não resolve diretamente nenhum problema. Isso foi feito demais e agora vamos pagar o preço. Não se resolve situação econômica só imprimindo dinheiro, tem efeito colateral também.

Basicamente é esse o cenário atual que não mudou. Ou seja, continuo com perspectiva pessimista para bolsa e para cripto. Cripto, especialmente, já no estágio um pouco mais avançado, com muita gente e muitas empresas alavancadas em cripto.

FTX e várias outras empresas colapsando em cima desse excesso de alavancagem. A maior parte delas já quebrou, de repente falta mais uma ou outra, mas o mercado cripto já está um pouco mais avançado nessa derrocada.

Entretanto, acredito que ainda tem espaço para ir mais baixo ainda.

Esse é o cenário atual. Eu acho que 2022 foi um ano com bastante oportunidades no lado short (no lado vendido) para operar vendido, e isso de certa forma continua.

Eu espero agora esse começo do ano com bastante volatilidade de um modo geral com o mercado caindo. E, em algum momento, ainda neste primeiro semestre de 2023, é bem possível que a gente veja o fundo de mercado.

É o meu cenário base. Pode acontecer depois? Claro que pode! Mas esse é o meu cenário base.

Então vamos para o gráfico.

Aqui o DXY – o dólar contra uma cesta das principais moedas – subiu muito.

Normalmente, quando tem aversão a risco, o dólar dispara. O pessoal vai para a segurança do dólar. E agora está despencando depois de uma alta tão forte. 

Conforme o banco central americano vai chegando ao final do ciclo de alta da taxa de juros, a gente vê o Euro, por exemplo, se valorizando recentemente em relação ao dólar. O dólar finalmente caindo em relação ao Yen japonês. A libra se valorizando contra o dólar. E o real estagnado.

O que é um péssimo sinal para o real que esteve forte durante 2022. 

O dólar em real de dezembro de 2021 a abril de 2022 estava caindo bastante e o real muito forte. Isso porque o banco central brasileiro aumentou os juros mais rápido que lá fora.

Com os juros mais altos no Brasil, atrai capital para Renda Fixa aqui. E isso fez com que o Real tivesse uma boa valorização com o dólar caindo em relação ao real. Depois subiu e estagnou, mas enquanto o Real está estagnado, o dólar está despencando.

Então, na verdade, tanto o real, quanto o dólar, estão despencando.

E o motivo disso são os problemas internos que temos enfrentado com o novo governo que vai apresentando até agora um governo populista com pessoas despreparadas nos ministérios.

Enfim, é uma equipe política e não uma equipe competente, técnica. E o resultado disso a gente já viu no governo Dilma.

Se não mudarem a rota, é dólar para cima, bolsa para baixo e colapso da economia.

E a gente vê, por exemplo, que o dólar continua caindo contra o peso mexicano, por exemplo, comparando com outro país emergente. Então, percebe-se que, realmente,  a trajetória do real mudou.

No mercado lá fora, tesouro americano em plena queda.

Conforme o juros sobem, os títulos caem. Uma derrocada também do tesouro americano que há muito tempo a gente não tinha uma alta, especialmente uma alta tão forte nos juros, derrubando o preço dos títulos.

VIX – o índice do medo.

Uma coisa interessante é que, apesar do bear market (baixa do mercado), a  volatilidade não aumentou tanto assim.

Não vimos um pico na faixa de 80 como a gente viu em 2020, e lá em 2008. O que também me faz acreditar que o pior ainda está por vir. No fundo é que, normalmente, vemos o pânico total.

Parece que a gente não viu isso ainda.

SP&500 – Em pleno bear market, em plena tendência de baixa. Ainda não houve uma queda tão alta assim que chegou a cair 25%, totalmente na faixa de 20%. Porém,  acredito que tem espaço para buscar quiçá os 3 mil pontos ou algo  em 3.200.

Enfim, algo nessa linha, acho provável que não só teste, como faça uma mínima. 

E, em algum momento, a inflação vai se controlar mais. O FED (Banco Central Americano) vai parar de subir o juros e depois baixar o juros, eventualmente, parar de enxugar dinheiro e até injetar dinheiro.

E aí sim, quando a perspectiva do mercado for essa, antes até de fazer, a bolsa tende a disparar.

Agora, se vai ter uma disparada constante  ou se depois vai ter uma segunda onda de inflação, enfim, é uma outra discussão mais para frente.

Eu pretendo fazer uma série de lives pra gente discutir essas coisas mais a  fundo.

NASDAQ – em plena queda também.

Empresas de tecnologia que brilharam na última década, estão sofrendo agora com esse juros altos.

Tivemos uma década inteira de juros muito baixos.

IBOVESPA –  dentro de um range de lateralização.

É aquilo que eu tenho comentado…

Se você pegar o EWZ, que é um ETF do índice Bovespa em dólar na bolsa americana, você vê que é um completo desastre. Só para baixo, desde o pico lá em 2008.

Na alta das commodities, que aconteceu entre 2002 e 2008 e que não tem atividade específica em relação à medidas tomadas no Brasil e, sim, com a alta das commodities, o Brasil foi muito beneficiado.

Veio uma grande alta do EWZ em dólar, nos tempos áureos do Brasil. E, de lá para cá,  é um completo desastre.

Por mais que tenha acentuado uma queda muito forte na época do governo Dilma, claro que teve um fator interno e depois uma alta de recuperação pós impeachment com a melhora da política econômica e tal, depois o veio o COVID.

Enfim, independentemente das altas e baixas ou de uma aceleração aqui por problema interno, o principal motivo dessa queda desde o topo, ou seja, quem investiu em dólar em maio de 2008 está levando um belo ferro até agora.

E apesar de ter eventualmente problemas internos no Brasil,  o principal motivo não é um interno, e sim, que, sem ter commodities em alta, sem tem um dólar bem mais fraco, país emergente que produz commodities não se dá muito bem. Esse é o principal motivo.

E a mesma coisa vale, por exemplo, para os fundos imobiliários que são bem populares no Brasil.

Claro, se você é trader, você pode operar essas oscilações.

Itaú e Bradesco, por exemplo, tiveram um bom desempenho em dólar. Então, se você sabe pegar áreas específicas ou operar o mercado, sim, você pode ter oportunidades e desempenhar bem no Brasil também.

Entretanto, de um modo geral, não é interessante.

OURO – bem lateralizado. Tem uma perspectiva boa para o ouro em um período inflacionário, embora até o momento, ele não tenha reagido.

Petróleo – depois de ter petróleo negativo ali em 2020, uma grande alta mais de 120 dólares e agora com expectativa de recessão, diminui a demanda, cai, mas de um modo geral, eu estou bullish (otimista) em petróleo por todos os problemas principalmente na Rússia e dos problemas energéticos ao redor do mundo.

E como eu tenho falado aqui em outras edições do Cenário Macro, para quem acompanha há mais tempo, que eu estava bullish (otimista) para o setor de energia.

XLE – ETF de ações de energia na bolsa Americana, vemos em pleno bear market uma tendência de alta.

A minha expectativa é que isso tem boas chances de continuar. Tanto que eu trabalhei em estratégias com robôs recentemente para operar comprado e tem estratégias vendidas também, mas comprado para capturar essa perspectiva de alta nesse setor especificamente.

Chegando em cripto, uma grande derrocada do Bitcoin, desde o topo, ali em novembro uma queda de 75%. É normal para o Bitcoin e continuo otimista  a médio e longo prazo.

Ainda não fiz nenhum posicionamento em cripto até porque também tem todos os problemas nas exchanges de cripto. Eu vou retomar e  operar cripto agora nas próximas semanas e nos próximos meses.

Em cripto acho que tem espaço para cair mais, especialmente com a crise global continuando a apertar. Eventualmente, mais empresas do setor de cripto quebrarem.

Mas acredito que, provavelmente, já estamos perto do fundo em cripto.

Ethereum nem testou ainda a mínima de junho, enquanto Bitcoin, nesse sentido, está mais fraco e fez novas mínimas.

Acho que tem espaço para cair, mas o The Merge (atualização da rede) deu certo e uma queda de 75% também é normal.

Embora o mercado cripto seja muito especulativo e boa parte das criptos não faz sentido nenhum e, provavelmente vão para zero, as criptomoedas são muito voláteis e muito boas para operar.

Então eu pretendo surfar bastante essa volatilidade, tanto operando comprado, quanto vendido.

Esse é um ponto que eu trabalhei bastante também em 2022, para ter esses robôs agora em 2023 e poder operar bastante essa volatilidade.

Basicamente, esse é o meu overview geral.

O que eu estou de olho é operar tanto comprado, quanto vendido, operar essa volatilidade toda em ações e em cripto.

Estou bullish (otimista) em cripto a médio e longo prazo, porém ainda estou bearish (pessimista) no curto prazo. Ações, estou bearish no curto prazo, embora bullish no setor de energia.

Petróleo bem volátil e oferecendo uma boa opção para operar isso também.

Essa é minha perspectiva para o mercado, não deixe de acompanhar o Cenário Macro e as lives que a gente vai fazer  nesse começo de ano para que você possa se preparar para investir bem em 2023.

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MARCELLO VIEIRA

• Fundador do Investidor de Sucesso;
• Possui mais de 13.000 alunos;
• Mentor particular de grandes investidores;
• Investidor especialista em novas tecnologias e desenvolvimento de estratégias quantitativas;
• Transformou 32 mil em mais de 1 milhão de dólares em menos de 6 meses de forma pública e transparente;
• Participa de grupos e eventos com vários dos melhores gestores, investidores e traders ao redor do mundo.