Os próximos 3 meses vão ditar os próximos 3 anos

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Marcello Vieira

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Seja muito bem-vindo a mais um Cenário Macro. Hoje, diretamente aqui de Las Vegas onde estou reunido com traders e investidores fantásticos do mundo todo.

Entre os traders e investidores há também especialistas em geopolítica e eu vou compartilhar um resumo de tudo que conversamos aqui com você.

Então vamos lá…

Continuamos em uma fase de desinflar uma grande bolha que começou após a crise do Subprime em 2008 onde os bancos centrais começaram a imprimir dinheiro e a injetar na economia.

Eles fizeram muito isso e viram que não estava gerando inflação, então pensaram: “Bom, podemos imprimir dinheiro sem efeito colateral.

E, dessa forma, continuaram inflando e inflando.

Os governos foram se endividando, muito dinheiro circulava no mercado e tudo tinha aparência de estar bem.

Nessa esteira, vimos uma alta na Bolsa americana praticamente sem volatilidade por muito tempo.

Durante esse período, quando o FED (banco central americano) e consequentemente também os outros bancos centrais ao redor do mundo apertavam um pouco a mão e a Bolsa caía, logo retornavam a fazer o quantitative easing (impressão de dinheiro) e a Bolsa voltava a subir.

A Bolsa subiu quase que sem parar durante mais de uma década com volatilidade baixíssima, de forma totalmente artificial.

Só que isso não tinha como durar pra sempre…

Com a pandemia, imprimiram uma quantidade ainda mais absurda de capital e cada vez mais governos populistas dando dinheiro diretamente para as pessoas e tudo isso associado a todos os problemas logísticos que são fatores altamente inflacionários.

Então, vimos a volta da inflação.

Agravando a situação, também veio a guerra entre a Ucrânia e a Rússia que tirou muitas commodities de circulação, elevando o preço e tornando o cenário ainda mais inflacionário.


Acrescenta-se a tudo isso os problemas geopolíticos da China querendo tomar Taiwan e a política de Covid Zero. E com a instabilidade, todos os países que produziam na China estão agora em movimento para produzir em outros lugares com menos riscos envolvidos – o que também é muito inflacionário.

Por isso, temos visto a inflação disparar no mundo todo.

Na Europa temos uma situação complicada agravada também pela crise energética. Na Alemanha, por exemplo, que é um país industrializado, com o preço da energia em alta as indústrias não ficam competitivas.

E para controlar essa inflação, os bancos centrais estão aumentando os juros, aumentando o custo de capital e enxugando um pouco do excesso de dinheiro que foi injetado no mercado.

Só que o mundo e a economia não estavam preparados para suportar juros altos e começamos a ver uma desaceleração econômica, o valor dos ativos caindo e, provavelmente, em algum momento vamos ver também a quebra de algum setor.

Em resumo, é um cenário de recessão global.

A China está em uma situação péssima e a Europa em uma situação desastrosa.

Os EUA não estão em uma situação tão desfavorável porque são autossuficientes energeticamente e em alimentos e também, além de ser o país com mais tecnologia e por isso, ainda que em recessão, vai sofrer menos.

O Brasil fica no meio do caminho porque também tem uma boa situação energética, é autossuficiente em produzir alimento, inclusive exporta muitas commodities e tudo isso beneficia o Brasil, mas em uma situação global ruim, acaba sendo ruim também para o Brasil.

E o que esperar daqui pra frente?

O dólar vai continuar forte enquanto os juros forem maiores nos EUA do que nos outros países desenvolvidos porque o dinheiro vai sempre fluir para o dólar.

Enquanto o banco central americano manter os juros mais altos do que os demais países desenvolvidos, isso tende a continuar e o dólar se mantém em alta.

No Brasil, o dólar não está tão forte contra o Real, porque o banco central brasileiro agiu rápido e conteve a inflação no Brasil e então o Real está bem equilibrado.

Entretanto, o Euro, a Libra e o Yen Japonês estão sofrendo muito com a desvalorização em relação ao dólar.

A situação é bem complicada e o meu cenário base tem sido bem ruim, quem já me acompanha há um tempo, sabe. E continua bearish (pessimista). Não vimos até agora uma mudança de perspectiva.

As Bolsas testaram as mínimas novamente e acredito que o mais provável é que, em algum momento, façam novas mínimas.

O dólar ainda tem espaço para subir mais, porém, em algum momento os bancos centrais vão ter que tomar uma ação mais coordenada porque ninguém vai aguentar o dólar forte dessa maneira.

Então, os bancos centrais vão precisar fazer um movimento em conjunto com o objetivo de não deixar o dólar ficar tão forte.

Todo esse desequilíbrio das moedas ao longo prazo pode ser bom para o Bitcoin, mas no curto prazo tudo cai.

Vamos agora para o gráfico ver tudo isso que comentei na prática:

DXY – O dólar contra uma cesta de moedas em alta sem parar.

USDJPY – O dólar subindo em relação ao Yen Japonês.

GBPUSD – Libra caindo em relação ao dólar. Ou seja, o dólar está ganhando força.

USDBRL – O Real já está mais lateralizado. Como eu comentei, os juros no Brasil estão bem mais altos.

TLT – O tesouro americano está despencando.

Muitas carteiras que faziam alocação diversificada de tesouro, Bolsa, Ouro e commodities estão caindo e tem sido um completo desastre o resultado dos principais gestores do mundo.

SPXUSD – A Bolsa chegou a fazer uma nova mínima e reagiu. Como ainda não quebrou nenhum setor na economia, eu acredito que ainda pode buscar próximo dos 3 mil pontos.

Me parece o caminho mais provável. Tenho comentado sobre essa possibilidade desde abril e agora estamos mais próximos disso acontecer.

IBOV – Índice Bovespa já vem mais forte, o Brasil é um dos países que está sendo menos prejudicado e que está sofrendo menos nessa situação.

Vemos até uma certa “pernada” de alta ao contrário do restante do mundo nesse momento.

Agora o OURO tem sido uma grande decepção. No sentido de que, normalmente, em um ambiente inflacionário o ouro vai bem, mas com os juros mais altos muita gente prefere o dólar do que ficar posicionado em ouro.

Talvez quando os juros baixarem e mantiver uma certa inflação, há uma chance do ouro performar bem.

COPPER – Cobre subiu um pouco, mas em seguida despencou com o risco de recessão.

USOIL – O petróleo chegou a subir bem, mas com o risco de recessão acabou caindo, contudo deve ganhar força depois.

Agora chegando em cripto:

O Bitcoin tem segurado bem aqui na região entre USD 19-20k e vem se mostrando relativamente forte para um ativo de alto risco.

Eu estou gostando da forma como o Bitcoin tem se fortificado. Com todas as moedas centralizadas fazendo esse papelão de impressão de dinheiro e perda de valor, acredito que o Bitcoin tem um futuro promissor pela frente.

ETHUSD – Ethereum está em uma situação semelhante ao Bitcoin, embora um pouco mais forte por conta do Merge que deu certo.

Entretanto, assim que a Bolsa chegar a fazer novas mínimas, o mercado de cripto deve fazer novas mínimas também.

Pode até bater um desânimo com o tanto de notícia ruim, mas é a realidade.

Na minha visão, não será uma década para buy&hold (comprar e segurar para o longo prazo) porque o cenário é muito adverso.

A Europa errou demais na sua estratégia de depender energeticamente da Rússia.

Os governos foram populistas demais.

Enfim, foram muitos e muitos erros culminando em países endividados e agora a inflação veio e ainda temos todos os problemas geopolíticos acontecendo de uma vez com a pandemia seguida de guerra.

Temos uma situação bastante complicada que deve levar um tempo para ser resolvida.

Claro que, a qualquer momento, a situação pode aliviar um pouco e podemos ver uma alta, mas que fica difícil de ser uma tendência sustentável com uma economia totalmente fragilizada e juros altos.

Acredito que teremos uma década extremamente volátil.

A situação vai melhorar um pouquinho e em seguida vem um rally de alta, daqui a pouco percebem que está ruim de novo e o mercado desaba. Vai ficar nesse vai e vem com alta volatilidade.

Dessa forma, acredito que será uma década muito mais vantajosa para o trader que investe de forma ativa com estratégias para surfar o vai e vem do mercado.

Não me surpreenderia se a Bolsa vier a demorar 10 anos pra fazer uma nova máxima histórica, principalmente se ajustar a inflação.

Talvez por conta das moedas perderem muito valor, pode ser que a Bolsa faça máximas históricas nos próximos 10 anos…

Contudo, em um ambiente inflacionário, se a Bolsa subiu 30% e ao longo desse período a inflação foi de 50% o retorno real foi negativo.

É diferente de quando sobe 30% e a inflação é quase zero.

De um modo geral, acredito que a Bolsa não vai ter um bom retorno e nem outro tipo de classe ativos.

Sempre pode ter alguma ação de alguma empresa inovadora que pode bombar, mas serão poucas exceções.

E vai se dar bem quem souber navegar a volatilidade desse vai e vem do mercado, ou quem eventualmente vier a acertar alguns desses poucos setores que podem apresentar um bom desempenho.

É isso que está acontecendo agora e vai ser preciso se adaptar à realidade.

Abraço,

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MARCELLO VIEIRA

• Fundador do Investidor de Sucesso;
• Possui mais de 13.000 alunos;
• Mentor particular de grandes investidores;
• Investidor especialista em novas tecnologias e desenvolvimento de estratégias quantitativas;
• Transformou 32 mil em mais de 1 milhão de dólares em menos de 6 meses de forma pública e transparente;
• Participa de grupos e eventos com vários dos melhores gestores, investidores e traders ao redor do mundo.