Carta ao Investidor #34

Marcello Vieira

Marcello Vieira

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Quero fazer uma reflexão com você sobre comprar e vender no curto prazo. Imagine que você possui uma carteira de investimentos. Você olha o gráfico, vê que suas ações, o índice,  etc. estão perdendo suporte, eventualmente perdendo uma tendência de alta. 

Nesse momento, você pode pensar: “Vou vender. Quando o preço estiver mais baixo ou quando a tendência de alta se recuperar eu compro novamente, por um preço mais baixo. Afinal, por que devo segurar durante uma queda de mercado, não é mesmo?”

Essa é uma abordagem que muitos investidores adotam. 

A princípio, parece fazer total sentido, especialmente para investidores menos experientes. Afinal, por que segurar um ativo em queda quando posso vender e comprar novamente a um preço mais baixo, lucrando com a alta subsequente?

Com o passar do tempo, você vai tentando fazer isso, vai se sofisticando, aprendendo mais e mais. E você chega a conclusão (que eu já cheguei) que você não consegue fazer isso de uma forma efetiva. Vai funcionar de vez em quando e, no final das contas, não vale a pena. Por quê?

Tem vezes que até vai funcionar. Perdeu um suporte, perdeu a tendência, você sai. Depois quando retoma a tendência o mercado já caiu bastante, está com o preço lá embaixo e você compra mais barato. 

Mas, uma coisa que acontece com frequência são os falsos rompimentos e mudanças rápidas de tendência. 

Por exemplo, quando ocorre a perda de suporte e a tendência vira de baixa, você fecha a posição, mas em 1, 2, 3, 5 ou 10 dias ocorre um movimento abrupto pra cima e já está em tendência de alta de novo, muitas vezes a um preço mais alto do que você vendeu inicialmente.

Aí vem aquele dilema: compro de novo? Ou não compro de novo? Se você compra, você perdeu um pouquinho e era melhor você ter ficado. O que acontece em seguida? O mercado cai de novo. E você pensa: agora vai cair de vez. Você decide vender no prejuízo. 

Daqui a pouco o mercado cai mais 1 ou 2 dias e você conclui aliviado que estava certo. Logo em seguida, o mercado rompe para cima outra vez. E você tem que comprar mais caro de novo. Dessa vez, você pensa: não, tá rompendo pra cima e pra baixo, o mercado não está forte, eu vou ficar de fora dessa vez. Então o mercado sobe de vez e você tem que comprar bem mais caro.

Ou seja, tem vezes que vai dar certo e outras que vai dar errado. No final das contas, você vai ver que, investindo dessa forma, você tende a não conseguir melhorar o resultado em relação a só carregar o ativo, desde que você compre bons ativos.

Então, basicamente, esta é a lição. Eu acho que é uma perda de tempo. Já tentei fazer isso por muito tempo, achando que era a melhor solução, mas fica claro para mim que não é. 

Ao observar outros grandes investidores, não conheço nenhum outro grande investidor que faz isso. Ou seja, fica comprando e vendendo na tentativa de adivinhar o momento de entrar e sair dentro de uma carteira.

Inclusive, ao realizar estudos e backtests, desenvolvo diversos robôs e conduzo muitos estudos. Quando você utiliza, por exemplo, filtros de tendência, mantém-se investido em ações somente quando elas estão em tendência de alta. Isso frequentemente reduz o drawdown, pois quando o mercado sofre uma queda intensa, você sai quando acaba a tendência de alta, e quando uma nova tendência de alta começa, o preço já está mais baixo. 

No entanto, em diversos outros momentos, o mercado oscila para cima e para baixo, entrando e saindo, o que resulta, no final das contas, em um desempenho pior do que simplesmente manter as ações em carteira.

Hoje, prefiro muito mais um modelo que envolve estar sempre no mercado. Troco as ações da carteira com certa frequência. Isso porque, além de ser acionista de empresas sólidas, é crucial estar posicionado em empresas que estejam mais fortes. Uma empresa boa pode passar um, dois ou até três anos sem apresentar crescimento significativo, é normal. Mas, de repente, pode experimentar um período de alta forte ao longo de um ou mais anos.

Assim, o que faço é trocar uma ação por outra, mantendo-me constantemente presente no mercado. E, para proteger contra quedas, se você não deseja tolerar um grande drawdown, a melhor abordagem é utilizar proteções, hedges. Isso pode envolver a venda de mercado futuro, ETFs, a compra de ações, a aquisição de opções ou PUTs. 

Essa é a lição que aprendi e queria compartilhar com você hoje. Em resumo, usar outras metodologias que não envolvam tentar adivinhar e evitar ficar entrando e saindo constantemente. Este não é o caminho para alcançar o melhor equilíbrio entre risco e retorno.

Não quer dizer que não é possível ganhar dinheiro com essa abordagem. De fato, é possível obter ganhos dessa forma, mas, geralmente, aqueles que mais ganham a longo prazo e que obtêm um desempenho superior são aqueles que mantêm os melhores ativos ao longo do tempo.

Não é possível prever quando o mercado subirá mais, mas, se você estiver sempre presente no mercado, estará preparado para aproveitar grandes altas. E se você investir em empresas excelentes, essas empresas, sem dúvida, em algum momento, apresentarão um crescimento substancial.


Se você chegou até aqui, obrigado por acompanhar a carta ao investidor!
Forte abraço,

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MARCELLO VIEIRA

• Fundador do Investidor de Sucesso;
• Possui mais de 13.000 alunos;
• Mentor particular de grandes investidores;
• Investidor especialista em novas tecnologias e desenvolvimento de estratégias quantitativas;
• Transformou 32 mil em mais de 1 milhão de dólares em menos de 6 meses de forma pública e transparente;
• Participa de grupos e eventos com vários dos melhores gestores, investidores e traders ao redor do mundo.